Pré-Concepção

Pensando na concepção, o Prof. Sérgio Peixoto – Ginecologista e Obstetra das Faculdades de Medicina da USP e do ABC e autor do livro “Pré-Natal”- criou o conceito de gravidez de ‘12 Meses’, com base em duas ideias:

 

– A gravidez é um período de sobrecarga física e emocional, em decorrência das adaptações do organismo, impostas pela gravidez; e equivale a um esforço físico de intensidade média, igual a um trabalho braçal.

 

– Ao optar pela gestação, o casal passa a viver o “clima gravídico”, esperando pelo bebê que virá. Anseiam pela falha menstrual e pelos primeiros sintomas que irão definir a gravidez. O casal já está grávido!

 

Diante disso, Prof. Peixoto lançou o conceito de “Gestação Plena”, no qual identifica o período central de 9 meses da gestação que termina com o parto e que é sucedido pela lactação. A ideia é acrescentar a esses 2 períodos, que são clássicos, um período pré-gravídico, a pré-gestação, período esse que coloca paciente e médico num diálogo franco, com o objetivo de enriquecer esse “tempo de espera” e oferecer à futura mamãe a oportunidade de se preparar para a gestação. São essas ideias que iremos mostrar nessa apresentação.

 

Decidi Engravidar. E agora?

Importante: uma gravidez já estabelecida traz consigo índices de insucessos, hoje admitidos como próprios da gestação, inevitáveis! Ao lado de perdas por aborto, parto prematuro, malformação e óbito, muitas outras situações são esperadas, o que coloca a gravidez como “estado de risco”. Isto colabora com ansiedade e medo do casal, tornando a gravidez um período nebuloso e de sucesso incerto.

 

O preparo para a gestação irá permitir avaliar condições físicas e emocionais, favorecendo o momento da gestação e um acompanhamento pré-natal com menores riscos.

 

Tempo de preparo

 

No momento do planejamento familiar em que o casal “optou pela gravidez”, abandonando todos os tipos de cuidados contraceptivos, iniciou a gestação! Começou a viagem, e os preparativos e a ansiedade já estão presentes. O médico deve participar na festa e juntos, mãe, pai e médico, iniciar um Programa de Análise para esperar por uma gravidez que virá.

 

Esse tempo de análise irá variar de caso a caso, englobando pacientes sem qualquer tipo de enfermidade e outras que podem ser portadoras de algum transtorno físico ou mesmo emocional (medo, expectativa), que nesse período poderão ser controlados, permitindo a chegada da gravidez em condições ideais.

 

Esse tempo, embora variado, tem a duração média de 3 a 4 meses, em decorrência da avaliação clínica, da interpretação dos exames laboratoriais e da orientação a ser oferecida à paciente. Esses 3 a 4 meses, em média, de espera e preparo, já pertencem à gravidez, que por isso dura 12 meses. A gestação plena, assim considerada, tem, portanto, 3 períodos intimamente relacionados:

 

Gestação Plena
Parto
Pré-Gestação Gestação Lactação
12 semanas
ou 3 meses
40 semanas
ou 9 meses
16 semanas
ou 4 meses
UM ANO DE GESTAÇÃO PLENA (*one year pregnancy)

 

Aconselhamento Pré-Concepcional (APC)

 

Ao lado do fator emocional, que será abordado de maneira fundamentada pelo casal e pelo médico, o APC envolve 3 etapas, conforme propõe o Prof. Peixoto:

 

1ª etapa: reconhecimento mútuo, casal/médico: período de abertura, com esclarecimentos e debates que procuram particularizar cada caso mediante cuidadosa análise histórica e exame físico, de modo a estabelecer um programa de avaliação;

 

2ª etapa: análise dos resultados de exames laboratoriais, a fim de propor condutas e tratamentos que se fizerem necessários até o momento da “alta pré-concepcional” que irá significar “em boas condições para engravidar!”;

 

3ª etapa: acompanhamento orientado até o momento da gestação. Embora em condições favoráveis para a gestação, o casal escolheu o momento ideal para mais adiante.

 

Quanto tempo? O que fazer?

 

É mais um detalhe na APC: casal e médico deverão abrir outro item de análise, agora direcionado para “contracepção de espera”, mediante recursos que não interfiram com a funcionalidade do ciclo menstrual e que mantenham a harmonia do casal.

 

O Papel do Médico

 

Ouvir, examinar, investigar! Envolve o rastreamento e diagnóstico de eventuais enfermidades, e as orientações que objetivam cura ou compensação. Alguns parâmetros são básicos e essenciais, dentre os quais: Papanicolau, rastreamento da diabete e do perfil infeccioso para sífilis, rubéola, toxoplasmose, citomegalovirose, hepatites e H.I.V. Estes são os principais, mas poderão variar de acordo com a particularidade de cada paciente.

 

Grupo sanguíneo e Rh serão pesquisados, ao lado de avaliação geral de condição de saúde, mediante hemograma, exames de urina e fezes, e de outros eventuais, pontuais a cada paciente, de forma a definir “condições normais”. A depender da idade materna, alguns exames devem ser envolvidos como, por exemplo, mamografia.

 

A mulher moderna planeja a gravidez em paralelo à sua formação educacional e cultural, o que condiciona o momento da gestação a idades mais avançadas. Alguns procedimentos de análise individuais serão discutidos durante o APC desde a fase de investigação às de conduta e seguimento.

 

O Papel do Casal

 

Além de discutir detalhadamente com o médico suas dúvidas, temores e expectativas, o casal deve dar atenção particular aos hábitos de vida dentre os quais, alimentação, atividade física, consumo de álcool e fumo e, eventualmente, drogas lícitas e ilícitas.

 

Deve ser incluído no programa um atendimento especial ao peso pré-gravídico e ao estado imunitário; neste particular se inclui o calendário de vacinação a ser discutido com o médico no tocante a época e cuidados específicos.

 

Papel da relação entre Médico e Casal

 

Objetiva estabelecer uma cumplicidade tanto na avaliação como na orientação oferecida; o objetivo da pré-concepção é se preparar para a prole segundo preceitos do APC. Neste, além do que já foi dito, é possível dar atenção especial para a prevenção de malformação neurológica fetal.

 

É aqui que participa o ácido fólico, que deve ser iniciado na pré-concepção e mantido por todo o período gravídico, incluindo a lactação. Sabidamente, o ácido fólico deve ser administrado em conjunto com vitaminas A, C, D, E e Complexo B, ao lado de dieta rica em proteínas de forma a assegurar oferta de matéria prima essencial à síntese do DNA, elemento fundamental para a divisão celular.

 

Lembrando que o feto em desenvolvimento exibe divisão celular contínua e constante e, portanto, necessita continuamente dessa oferta de ácido fólico que deve ser iniciada na pré-concepção e mantida até a lactação. Na mesma linha de idéias, são incluídos eventuais medicamentos utilizados em decorrência de enfermidade crônica, cuja continuidade ou não deverá ser discutida com o médico durante a APC.

 

Fonte:

Conteúdo Bayer HealthCare Pharmaceuticals / Professor Sérgio Peixoto – Professor titular do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicina do ABC. Professor Associado Livre-docente de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicina da USP.

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