Cada fase da vida da mulher traz descobertas. Isso porque o corpo, esta máquina complexa e incrível, está em constante mudança, o que leva a desafios diferentes com o passar do tempo. Uma dessas fases é chamada de climatério, que se inicia lá pelos 45 anos (no Brasil, aos 55 anos de idade, em média) e se estende até a senescência (após os 65 anos de idade).

 

Dr. Élvio Floresti Junior, ginecologista e obstetra, explica que climatério é sinônimo de falência ovariana. “Com a diminuição da produção dos hormônios femininos, uma série de sintomas começa a aparecer, tais como fogachos, insônia, alterações do humor, diminuição da libido, etc.”

 

É aí que surgem as dúvidas quanto à necessidade da reposição hormonal. “Uma vez que os sintomas têm origem na diminuição da produção de estrogênio, a reposição deste hormônio em baixas doses é o mais recomendado e pode ser feita com estrogênios sintéticos ou bioidênticos”, explica o Dr. Élvio. A tibolona e os fitoterápicos também são muito utilizados. Estes últimos possuem efeito semelhante ao do estrogênio.

 

O também ginecologista e obstetra Dr. Tiago de Oliveira Gomes expõe que os fogachos são os sintomas menopausais mais frequentes, afetando 60% a 80% das mulheres.

 

Em uma revisão sistemática do Instituto Cochrane, que incluiu mulheres com fogachos e/ou sudorese noturna, foi observada redução de 75% na frequência e 87% na severidade dos sintomas vasomotores nas usuárias de terapia hormonal.

 

A reposição hormonal pode ser realizada por administração local (vaginal) ou sistêmica (oral e transdérmica), ressalta o Dr. Tiago. Ele lembra que a dose, o tempo de uso, a via de administração e os hormônios utilizados devem ser individualizados de acordo com avaliação médica criteriosa e com base nas expectativas e queixas da mulher. No caso daquela que já retirou o útero, não há necessidade da associação de progesterona com o estrogênio em baixa dose, uma vez que esta associação tem o objetivo de proteger o útero do estímulo excessivo do estrogênio, que pode levar ao câncer de endométrio.

 

Entendendo os hormônios

 

Os hormônios utilizados na terapia de reposição hormonal sintetizados em laboratório têm estrutura química e efeitos semelhantes aos hormônios produzidos pelo organismo da mulher.

 

Para o Dr. Élvio, quem vai decidir sobre a reposição hormonal não é o médico, mas sim a mulher, pois a menopausa é uma ocorrência natural e nem sempre precisa ser tratada. “O tipo e a intensidade dos sintomas é que definirão a necessidade ou não de tratamento. Por exemplo, se o principal sintoma for insônia, a mulher poderá usar um tranquilizante ou um indutor do sono”, afirma.

 

Nos casos em que a ocorrência da menopausa é precoce, ou seja, antes dos 40 anos, é recomendável a reposição hormonal. O médico vai analisar os sintomas relatados e, se não houver contraindicações, poderá prescrever o tratamento.

 

“A eficácia da terapia hormonal para aliviar os sintomas vasomotores – fogachos e suas consequências relacionadas à qualidade do sono e alterações no humor – está muito bem estabelecida e seus benefícios se sobrepõem aos riscos quando é indicada na ‘janela de oportunidade’, isto é, para mulheres com menos de 60 anos de idade e menos de dez anos de menopausa”, explica o Dr. Tiago.

 

O tratamento de reposição hormonal não tem uma duração estabelecida. Deve durar enquanto estiver oferecendo benefícios para a mulher, com boa tolerabilidade. “Além disso , não é sempre do mesmo tipo. Pode ser modificado de acordo com a evolução dos sintomas”, lembra o Dr. Élvio.

 

Efeitos colaterais

 

Todo tratamento deve ser bem avaliado quanto aos prós e contras. Dr. Élvio diz que, primeiramente, é preciso verificar se não há contraindicações para o uso do estrogênio, tais como histórico ou presença de câncer mamário ou uterino, além de fatores de risco para trombose e problemas vasculares, entre outros.
Os efeitos colaterais mais comuns da reposição hormonal são do rnas mamas (mastalgia), enjoo e cefaleia, ou seja, aproximadamente os mesmos de uma pílula anticoncepcional. “Os efeitos colaterais dos fitoterápicos são menos intensos. Porém, a resposta terapêutica também é menos eficaz”, ressalta o ginecologista.

 

O Dr. Tiago ressalta que os efeitos colaterais comuns da terapia hormonal combinada (associação de estrogênio em baixas doses + progesterona) são de intensidade leve e normalmente cessam após um período de adaptação. Sangramentos, chamados de “sangramentos de escape”, e náuseas podem ser contornados com aconselhamento médico e medicações sintomáticas.

 

Outras doenças

 

A queda de produção dos hormônios femininos pelo organismo pode causar outras doenças como, por exemplo, a osteopenia e a osteoporose e a terapia de reposição hormonal auxilia na melhora da captação de cálcio pelo tecido ósseo. “Sabemos também que a reposição hormonal precoce é benéfica para a proteção cardiovascular feminina”, acrescenta o Dr. Élvio.
“Diversos estudos observacionais e metanálises sugerem que se o estrogênio for prescrito para uma mulher jovem, na perimenopausa, pode propiciar diminuição do risco de doença de Alzheimer ou retardar seu aparecimento. Além disso, a terapia hormonal reduz o risco de câncer de intestino e de ovário”, diz o Dr. Tiago.
Segundo o Dr. Élvio, existe um medo exagerado de que a reposição hormonal cause o aparecimento de câncer de mama, mas, segundo ele, o tratamento feito com baixa dose de estrogênio não aumenta essa incidência. “Lógico que se a mulher já tiver uma lesão pré-cancerígena ou até câncer mamário ou uterino, a reposição é totalmente contraindicada”, expõe.
Por sua vez, Dr. Tiago lembra que os avanços na medicina permitem que a expectativa de vida da população seja cada vez maior, tornando necessárias medidas para garantir a manutenção da qualidade de vida e a prevenção de diversas doenças. “A reposição hormonal se encaixa nesse contexto”, afirma.

 

Fique ligada!

 

A decisão de iniciar ou não a terapia de reposição hormonal, assim como a melhor via de administração, devem ser discutidas com seu médico. Ele lhe fornecerá as orientações adequadas e lhe ajudará a tomar essa decisão, ressalta o Dr. Élvio.
O Dr. Tiago concorda: a reposição não é obrigatória para todas as mulheres, mas tem diversos benefícios. “Para os problemas ocasionados pela menopausa, existem tratamentos não hormonais alternativos. Procurar o ginecologista para se informar e tomar uma decisão conjunta é a melhor opção”, recomenda.

 

Fontes:

Dr. Elvio Floresti Junior, especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) e especialista em Colposcopia. CRM 50402/SP.

Dr. Tiago de Oliveira Gomes, ginecologista e obstetra, atuante nas áreas de contracepção, infertilidade, hipertensão e trombofilias na gestação, na Elo Clínica de Saúde, em São Paulo. CRM 164375/SP.

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