O anticoncepcional hormonal combinado oral (AHCO) ou pílula anticoncepcional é um comprimido que contém uma combinação de hormônios, geralmente estrogênio e progesterona sintéticos, que inibe a ovulação. O anticoncepcional oral também modifica o muco cervical, tornando-o hostil ao espermatozoide.
Esse método contraceptivo deve ser indicado pelo médico, pois somente após análise que poderá identificar a pílula adequada ao seu organismo.
Recentemente, com o avanço científico, surgiram pílulas com hormônios bioidênticos *1. Os hormônios bioidênticos são substâncias que têm estrutura química e molecular igual à dos sintetizados pelo organismo humano. Produzidos em laboratório, a partir de diversas matérias-primas, servem para desempenhar as funções desses hormônios – desde o controle do ciclo menstrual e do metabolismo até o tratamento da menopausa – e como anticoncepcional.
O hormônio sintético é uma substância processada e manipulada em laboratório e pode gerar mais efeitos adversos que o hormônio natural ou bioidêntico . O anticoncepcional hormonal combinado oral (AHCO) é considerado um método de prevenção da gravidez muito eficiente; seu índice de falha é de 0,1%.
Tipos de pílulas
Dentre os diversos tipos de pílulas existentes, as mais receitadas são:
Pílula Monofásica:
A pílula monofásica possui em sua fórmula estrogênio e progesterona com a mesma dosagem. É o comprimido anticoncepcional mais conhecido pelas mulheres. A utilização deve ter início entre o primeiro e o quinto dia da menstruação e termina quando a cartela acabar. Depois, é necessário parar por 7 dias.
Minipílula:
A minipílula ou pílula sem estrogênio possui somente progesterona. É a pílula indicada para mulheres que estão amamentando e querem evitar uma nova gravidez. Para essas mulheres, a pílula deve ser tomada todos os dias, sem interrupção.
Pílula Multifásica:
A pílula multifásica tem combinação de hormônios com diferentes dosagens conforme a fase do ciclo reprodutivo. Essas pílulas causam menos efeitos adversos e são apresentadas em cores diferentes, para diferenciar a dosagem e o ciclo. A sequência na cartela deve ser respeitada.
Tratamentos e Cuidados
O método contraceptivo oral é o método mais mais utilizado atualmente. Além da contracepção, a pílula anticoncepcional também é utilizada no tratamento de algumas doenças que acometem uma parcela das mulheres, tais como sangramentos irregulares, cólicas menstruais, TPM, diminuição do fluxo menstrual, endometriose e síndrome dos ovários policísticos *2.
Existem estudos que apontam que a pílula anticoncepcional pode diminuir a incidência de câncer de ovário *3 e de endométrio *4, doença benigna da mama e o desenvolvimento de cistos ovarianos funcionais.*5
A terapia com contraceptivos orais também é utilizada no tratamento de sangramento irregular ou excessivo, acne *6, hirsutismo *7 (aumento de pelos em locais não comumente femininos), dismenorreia e endometriose *8. Para evitar alguns desses problemas, têm-se oferecido regimes chamados de regime contínuo, quando a mulher não para de usar o anticoncepcional, e regime estendido, quando a mulher o usa por períodos prolongados, que pode chegar até a 120 dias de uso sem fazer pausa.
Esses regimes mostraram que têm benefícios e efeitos adversos. Um dos efeitos adversos é o “spotting” ou a perda de sangue (em pequena quantidade) durante o uso do anticoncepcional.
A maioria das pacientes não está consciente dos benefícios dos anticoncepcionais para a saúde. Orientação e educação são necessárias para ajudar as mulheres a ficarem bem informadas a respeito de cuidados com a saúde e adesão aos tratamentos.
Confira como proceder em caso de esquecimento da tomada da pílula, conforme o tipo de seu contraceptivo (21 ou 24 comprimidos), na sessão esqueci de tomar a pílula.
Convivendo
Confira abaixo as principais dúvidas referentes à pílula.
Qual a melhor pílula para mim?
Existem diversos tipos de pílulas porque existem diversos tipos de mulheres. Somente seu médico poderá identificar a pílula mais indicada para você.
Como começar a tomar a pílula?
Para a maioria das pílulas disponíveis no mercado com 21 drágeas/comprimidos, a maneira correta é iniciar com a primeira pílula no primeiro dia da menstruação. Tomar uma pílula por dia durante 21 dias, fazer uma pausa de 7 dias sem tomar e recomeçar. A menstruação vem durante essa pausa. Outras pílulas podem ser tomadas de formas diferentes, por isso é necessário consultar o médico. No caso da pílula sem estrogênio, ela deve ser iniciada no primeiro dia da menstruação e tomada sem interrupção.
A partir de qual dia a pílula começa a fazer efeito?
Se tomada corretamente, a pílula fará efeito a partir do primeiro dia em que foi tomada.
Na pausa entre uma cartela e outra posso ter relações sem chances de engravidar?
Sim, nos dias de pausa da pílula elas continuam a funcionar, ou seja, a proteção contra a gravidez continua e o risco de falha é de 0,1%.
E se eu esquecer de tomar um dia?
A pílula deve ser tomada diariamente e, aproximadamente, no mesmo horário. Isso quer dizer que se tomar à noite, deve continuar tomando à noite. Se esquecer e lembrar de tomar dentro de 12 horas, a pílula continuará funcionando. Se esquecer por mais de doze horas, verifique as instruções com seu médico ou na bula do produto. Tome a pílula que esqueceu assim que lembrar e a pílula do dia no seu horário habitual. Verifique sempre na bula do produto e com seu médico informações detalhadas e específicas sobre o tipo de pílula que você está tomando.
Quero atrasar ou adiantar minha menstruação; posso continuar a tomar a pílula sem parada?
Não deve. A pílula foi projetada para ser tomada por 21 dias. Se continuar tomando, poderá ter uma menstruação fora de época. Nesses casos é conveniente que você consulte seu médico para ele lhe oferecer uma maneira mais segura de não menstruar.
E se eu não tiver relações por um grande período?
Mesmo assim é preferível continuar tomando.
Pílula previne contra as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs)?
O uso da pílula não previne a mulher e o parceiro contra as ISTs.
É verdade que a pílula engorda?
Não. Na maioria das mulheres a pílula não aumenta o peso, nem dá celulite ou estrias *9, conforme estudos científicos apontam.
Qual pílula engorda mais ou tem maiores efeitos colaterais?
Existem diversos tipos de pílulas porque existem diversos tipos de mulheres. Os efeitos colaterais variam de acordo com o organismo da pessoa, como aumento de risco de doenças cardiovasculares em mulheres hipertensas *10 e aumento de enxaquecas e problemas vasculares *11 em pessoas com histórico familiar dessas doenças. Entretanto, somente o próprio médico poderá identificar a pílula mais adequada para você e qual tem menos efeitos colaterais.
Pílula faz mal?
A pílula anticoncepcional é um dos medicamentos mais usados (e estudados) no mundo todo. Além de ser usada para evitar gravidez, ela pode proteger mulheres contra algumas infecções genitais, câncer de ovário e alguns tipos de câncer de útero. Assim como qualquer outro medicamento, a pílula possui contraindicações e efeitos colaterais. O uso de anticoncepcionais por algumas mulheres, contudo, pode aumentar o risco de complicações vasculares como trombose venosa profunda (TVP) *12, embolia pulmonar *13, infarto do miocárdio *14 e acidente vascular cerebral (AVC) *15. Por isso é importante de consultar um médico antes de optar por determinada pílula.
Pílula serve para tratar doenças?
A pílula tem sido usada com sucesso no tratamento da síndrome dos ovários policísticos e no tratamento conservador da endometriose. Também é muito utilizada no tratamento da acne (espinhas), hirsutismo (aumento de pelos), cólicas e distúrbios da menstruação, tais como tensão pré-menstrual e cólica menstrual.
É verdade que é necessário parar a pílula de tempos em tempos para o organismo descansar?
Não. Estudos recentes *16 indicam que não é preciso parar para descanso.
Hormônios biodênticos estão presentes no dia a dia da mulher
Ao contrário dos homens, que só tomam hormônio em casos excepcionais – para tratar alguma doença ou distúrbio –, as mulheres convivem diariamente com esse tipo de medicamento. Mesmo versões modernas dessas substâncias, como os hormônios bioidênticos (cuja estrutura é igual à dos produzidos pelo organismo), estão presentes em produtos voltados para o público feminino, inclusive algumas formulações de anticoncepcionais.
Os estrogênios e os progestagênios, em conjunto, ajudam a regular o ciclo menstrual. Baixos níveis desse hormônio podem resultar em problemas de pele, insônia e falta de desejo sexual.
Em sua forma bioidêntica, quando combinada em pílulas com a progesterona, formam um contraceptivo muito eficiente.
Segundo alguns especialistas, o uso do estradiol bioidêntico em um contraceptivo (um dos estrógenos presentes no corpo feminino) destaca-se por ser uma substância que o organismo feminino já está acostumado, o que melhora sua atuação e diminui os impactos no metabolismo. É uma forma de mesclar a segurança necessária a um anticoncepcional com um equilíbrio hormonal mais natural.
Conheça alguns usos dos hormônios bioidênticos
Como têm várias finalidades, os hormônios bioidênticos – aqueles cuja estrutura química e molecular é igual à dos gerados pelo organismo humano – costumam ser usados por mulheres de perfis diversos, diferentes idades e passando por tratamentos diferentes.
Inicialmente, os produtos com bioidênticos só estavam disponíveis na forma de injeções ou adesivos cutâneos, mas recentemente foram lançadas pílulas com esse tipo de fórmula.
Segundo o ginecologista Dr. Marco Aurelio Pinho de Oliveira, chefe da ginecologia da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e responsável pelo ambulatório de endometriose do Hospital Universitário Pedro Ernesto, um dos casos em que se usam essas substâncias é o que, em linguagem médica, chama-se anovulação crônica ou síndrome dos ovários policísticos (quando a mulher não ovula ou ovula com pouca frequência).
“Por conta da anovulação, existe excesso de estrogênio e menor quantidade de progestagênio, causando ciclos menstruais com intervalo longo e fluxo menstrual aumentado [hemorragia]. O estrogênio em excesso aumenta o crescimento da camada interna do útero (o endométrio) e pode causar ciclos menstruais mais intensos e prolongados”, explica. “Assim, a mulher fica meses sem menstruar – e, quando menstrua, vem muito sangue”. O uso da progesterona, que não é produzida adequadamente nos casos de anovulação, é uma opção, porque corrige em parte o desequilíbrio hormonal causado pela síndrome. Neste caso, pode ser usado um hormônio bioidêntico ao da progesterona.
A mesma substância pode ser complementada em outros quadros, ligados a estilos de vida que afetam o ritmo da ovulação e prejudicam a produção de progesterona. “As atletas de alta performance podem ter um bloqueio do estrogênio pelo excesso de exercícios e, com isso, a mulher para de menstruar. A anorexia nervosa também leva à depressão dos hormônios e altera o ritmo da ovulação”, explica Oliveira. Já nos casos de sobrepeso e/ou obesidade que causam anovulação pelo aumento da resistência à insulina, há muito estrogênio e pouca progesterona. Em ambas as situações citadas, uma pílula anticoncepcional com estradiol bioidêntico combinada a um progestagênio sintético, além de regular a menstruação, servirá como método contraceptivo.
Além de produzir os mesmos efeitos contraceptivos que os anticoncepcionais feitos com hormônios sintéticos, os produtos com substâncias bioidênticas também têm propriedades terapêuticas semelhantes e causam menos efeitos colaterais.
Fonte: Dr. Sérgio dos Passos Ramos CRM17.178 – SP
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